A melhor forma de ser proficiente em algo é através da tentativa e erro. No entanto, se não analisarmos apropriadamente o nosso erro, estamos sujeitos a repeti-lo. O meu nome é David Meireles, fiz a prova em 2019 e em 2020 e, para melhorar o meu aproveitamento, tive de mudar fundamentalmente o meu método de estudo. Um dos aspetos que tive de alterar foi a forma como abordava uma questão que errava.
Os bancos de perguntas são sem dúvida um dos bens mais essenciais para a preparação para a PNA. É através da realização de casos clínicos que se consegue dominar conceitos essenciais, reforçar conhecimentos e até simular condições semelhantes às do exame. Tal assenta no facto de estares a fazer um estudo ativo. Existem múltiplos estudos que comprovam a eficácia de um estudo ativo.
Aconselho a leitura do estudo da universidade de Cornell sobre os benefícios de um estudo ativo. Quando lês uma pergunta e pensas na resposta, estás a usar a faculdade cognitiva chamada evocação ativa. Ou seja, estás a tentar recordar um ou vários conceitos, de modo a responderes a uma pergunta corretamente. Através deste método, reforças mais eficazmente as sinapses que despoletam aquela memória necessária para reconhecer se uma hipótese de resposta está certa ou não.
Durante o teu estudo é natural que erres perguntas. Depois de acabares um teste, o mais importante não é o resultado, nem o número de perguntas realizadas. O crucial é a revisão das respostas, ler e entender as explicações. Investe nisso o tempo necessário. No início demoras o dobro ou o triplo do tempo a fazer um bloco de perguntas, mas vais-te tornando cada vez mais eficiente. É através da análise dos teus erros que és capaz de: detetar falhas no teu conhecimento, aprumar as tuas test-taking skills, aprender a achar critérios de exclusão e eliminar os erros mais comuns. Estas são as principais causas para perder pontos na PNA. É com a prática que advém de responder a múltiplas perguntas que vais colmatando as tuas lacunas de conhecimento e, progressivamente, alcançar melhores resultados.
Todas as perguntas bem feitas devem avaliar um conceito importante ou ter na sua essência um objetivo educacional. Portanto, uma pergunta bem construída está formulada de modo a conter uma ou mais pistas para a resposta certa. Recomendo sempre que, ao leres uma pergunta, sublinhes a informação mais importante. Quando reveres a pergunta, compara a explicação e o objetivo educacional com a informação que sublinhaste. Se estas não coincidirem, apaga o que sublinhaste e volta a sublinhar a informação importante.
Repete isto para todas as perguntas e vais começar a reconhecer as informações relevantes de forma mais fácil e rápida.
Quando revês a correção de uma pergunta deves, acima de tudo, pensar no que te fez errar aquela pergunta. Poderá ter sido por um destes motivos:
Ou seja, confundiste uma palavra, não leste uma linha, etc. Estes resultam de distrações que comumente são fruto de cansaço ou de ansiedade. Se isto te acontece frequentemente, é um sinal de alarme.
Em 2020, quando estudei para a prova, notei que as minhas notas nos testes subiam 10-15% sempre que descansava durante um dia ou um fim-de-semana. É necessário descansar e comer bem! Afinal de contas, o ser humano não evoluiu para ficar sentado atrás de uma secretária durante 8 a 12 horas por dia.
A gestão do tempo e da ansiedade são habilidades que todos temos de dominar.
A PNA é um teste de resistência. Os examinadores usam os 96 segundos que temos para cada uma das 150 perguntas para diferenciar os concorrentes.
Para tentar colmatar isto, deves fazer os blocos de perguntas em modo temporizado (i.e., 90 segundos por pergunta) e aleatório (i.e., todos os temas). Isto condiciona-te a responder a perguntas consecutivas de diferentes capítulos dentro do intervalo de tempo preconizado, tal como acontece na prova.
Quando começamos a fazer perguntas temos um raciocínio muito analítico, em que tudo tem que fazer sentido. Somos muito conscientes no nosso raciocínio. Ao fim de muitas perguntas, começamos a treinar uma parte de nós, inconsciente que começa a analisar a informação mais rapidamente sem que nos apercebemos.
Avalia a forma como lês uma pergunta. Convido-te a ler o capítulo
“Como ler uma pergunta?” do
Ultimate Guide to PNA success do João Nuno Soares e do Gil Cunha, onde eles descrevem a melhor técnica para ler um vinheta clínica.
No meu caso, eu lia e relia as perguntas, o que me fazia perder muito tempo. Quando comecei a ler as perguntas na íntegra apenas uma vez, começando pela primeira e última frases, a minha gestão de tempo melhorou.
É normal encontrares perguntas em que fiques indeciso entre duas possíveis respostas. Grande parte das vezes, isto acontece porque a informação que excluiria uma das respostas está subentendida. Na tua primeira leitura não a achaste e perdeste tempo a reler a questão. O diabo está nos detalhes. Muitas vezes o que não achaste é, por exemplo, um fator epidemiológico, como a idade do doente ou a prevalência da patologia. Estes erros vão diminuindo quando fazemos cada vez mais perguntas.
Recomendo que tentes antecipar a resposta e só depois procures a tua resposta nas opções, visto que estas perguntas são construídas de modo a que o aluno consiga responder à questão sem ler as opções.
Todos já alterámos respostas no último instante antes de entregar um exame. Ou por nos termos apercebido que não lemos bem a pergunta, ou por, com frequência, sentirmos que a nossa resposta não se adequa. Não consegues justificar, mas parece que a resposta que selecionaste fica aquém da solução do problema enunciado.
É normal duvidares do teu conhecimento em estadios iniciais do teu estudo. Mas se a tua confiança na seleção das respostas não for aumentando com o tempo, sugiro que tenhas atenção ao teu método de estudo ou até mesmo se estás cansado. Falta de confiança pode ser fruto de um estudo passivo ou de cansaço acumulado.
No entanto, se isto persistir apesar de teres corrigido as duas últimas hipóteses, recomendo que perguntes a ti próprio “Qual é a razão para mudar esta resposta? Há alguma informação nova que altere o paradigma?”. Se a tua resposta a estas duas perguntas for “não”, aconselho a não mudares a tua resposta. A tua primeira impressão é provavelmente a mais correta. Não deixes que vieses de perguntas que fizeste anteriormente te induzam em erro.
A matriz é muito abrangente e os examinadores predam nisso. Geralmente, 80% do exame incide em 20% da matéria e ninguém consegue prever o que é questionado. A única solução é mesmo uma revisão dirigida, em que os temas das perguntas que erras carecem de revisão mais atenta. Aconselho mesmo a gerires o teu tempo de modo a que tenhas tempo alocado para rever estes temas.
Como deves ter notado, a maior parte dos erros não resultam da falta de conhecimento. Isto reforça que mais importante do que saber a matéria, é saber aplicá-la.
Há muitas técnicas que podes aplicar para integrares o que aprendeste com as perguntas que erraste na tua rotina de estudo. Conheço quem tenha enchido cadernos com apontamentos do que tinha errado e todos os dias os lia.
No meu caso, sentia que isso não era muito aplicável, por isso procurei uma maneira mais flexível de rever sistematicamente os meus erros. Eu já tinha conhecimento da Anki e decidi tirar proveito do algoritmo de repetição espaçada.
A Anki é um programa grátis que permite a criação de flashcards e a sua apresentação repetida e automática. Um algoritmo de repetição espaçada baseia-se no pressuposto de que flashcards novos ou considerados mais difíceis devem ser revistos mais vezes, enquanto que flashcards mais velhos e menos difíceis devem ser revistos menos frequentemente. É uma forma de educação baseada na evidência.
Quando fazia flashcards de perguntas que errava tentava resumir o problema em um a três flashcards. A revisão desses flashcards é facilitada pela função da Anki que permite criar decks filtrados, isto é, decks de flashcards selecionados através da escolha de um critério, como um tema. Estes flashcards são depois integrados na tua rotina de estudo. Se estás interessado/a nesta e mais funções da anki, recomendo que vejas os vídeos do
The Anking. Se queres saber a melhor forma de escrever flashcards ou de melhorar os teus, considera ler o meu artigo “Melhora a qualidade dos teus flashcards em 6 passos”.
Este tópico foi uma discussão recorrente com os colegas com quem fazia videochamadas para discutir perguntas. Estarei a otimizar o meu tempo ao ler a explicação das perguntas que acertei?
Sim, por duas razões: para te certificares que acertaste pelas razões certas, ou seja, que compreendeste o objetivo educacional; e se acertaste dentro do intervalo de tempo preconizado para essa pergunta.
Se acertaste a pergunta pelas razões erradas ou demoraste bem mais do que 96 segundos, deves proceder como se fosse uma pergunta que erraste. Tenta compreender a linha de pensamento que te levou a chegar àquela conclusão, ou o que faltava para lá chegares, de modo a isolar o erro no teu conhecimento e o corrigires.